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O Evangelho Segundo Lucas - Bíblia de Jerusalém - Editora Paulus
Capítulo 4: vers. 3
Disse-lhe, então, o diabo: “Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão”.
Sobre a impossibilidade de existir um ser, quer seja chamdo arimane, diabo ou satanaz, em condição de opositor de Deus, leiamos: Allan Kardec, em A Gênese:
Cap. III, itens 1, 2 e 3 (A. Kardec analisa a origem do bem e do mal).
Cap. XIII, itens 16 (A. Kardec conduz-nos à compreensão sobre Leis Divinas, imutáveis e irrevogáveis)
Cap. XIV, itens 12 (A. Kardec explica-nos sobre a ilógica da existência de Deus, sendo Infinitamente Perfeito, e de um Satanáz, como Seu eterno opositor)
Recomendamos, ainda, a releitura da exegese – prodigiosa – de Allan Kardec, que está contida também em A Gênese, no seu capítulo XV, itens 52 e 53, acerca da “Tentação no Deserto”.
A Expressão “Se és filho de Deus” é, na verdade, uma construção gramatical que traduz um desafio do “diabolos”, do grego significando “inimigo”, para Jesus, e não uma expressão de dúvida por parte desta figura alegórica quanto à Sua condição de Messias de Israel (o título Filho de Deus era atribuído ao Messias).
Interessante notar a precisão da narrativa de Lucas, onde ele usa a expressão “esta pedra”, conquanto, deixa entrever-se que ela estaria na mão do “inimigo”.
A exegese das parábolas, pregações e ensinos de Jesus pode ser desenvolvida sob duas ópticas: exotérica e esotérica. Esses termos não se referem a doutrinas religiosas ou filosóficas, como o hermetismo, ocultismo e a Teosofia, mas sim ao sentido gramatical da palavra:
Exotérica = comum, trivial, compreensível pelo grande público.
Esotérica = entendimento fundamentado no conhecimento das Leis Espirituais (Leis Divinas ou Leis Naturais)
Na visão exotérica (reiteramos, significa ser compreensível ao grande público, pelo entendimento e aplicabilidade imediatos), encontraremos lições práticas para a vida dos ouvintes, efeito direto da brilhante pedagogia de Jesus, que através da composição de imagens visuais logradas pelas histórias, conduzia o pensamento das multidões, ensinando-lhes a raciocinar. E, os ensinando a raciocinar, desvelava sobre como viverem suas vidas em conformidade com as Leis Naturais. Por tal razão, as lições do Cristo foram de notável pragmatismo, em todas as épocas da civilização cristã, mormente nos dias atuais, em pleno século XXI.
Conforme dissemos no estudo do programa anterior, em outra visão, agora sob a óptica histórica, ainda no que diz respeito à alegoria da primeira tentação, sobre o transformar “esta pedra em pão”, pela necessidade imposta pela fome, cabe recordar que o povo hebreu encontrava-se sob a dominação do Império Romano, e por tal razão, era sobrecarregado de taxas e impostos pelo seu dominador. Grande parte da população passava não apenas fome, mas também graves necessidades sociais, e havia a expectativa de que O Messias Nacional viesse usar sua energia para aplacar a fome do povo, usando métodos e ensinamentos que melhorassem as condições econômicas da população, tornando a nação hebréia mais desenvolvida, restabelecendo, por conseguinte, a pujança de um reino de próspero, a exemplo do que foram os reinos à época dos poderosos soberanos Davi e Salomão.
Jesus nunca estivera sob tentação de nenhum espírito, ou situação, malgrado, poder-se-ia dizer que Sua missão enfrentaria o desafio de manter o foco em saciar, unicamente, a fome espiritual do povo Hebreu, e da humanidade. Para tal intuito, Jesus Se apresentara como “O Pão da Vida”, como “O Pão Vivo que Desceu do Céu”, e àquele que viera trazer a “Água Viva”, sobretudo porque a presença do Cristo-Jesus na crosta Terrestre seria curta, e ímpar, demandando o aproveitamento máximo de cada instante para a solução dos verdadeiros problemas do povo hebreu, e da humanidade: os problemas da Vida Eterna.
Outra lição que se poderia apreender nessa passagem, numa analogia com as religiões cristãs, e os cristãos, os quais também estão sob a tentação de transformar uma pedra em pão, urge entender que tal alegoria denotaria prometer aos seguidores do Evangelho de Jesus a prosperidade financeira, riquezas, ou qualquer tipo de plenitude material, para os que conseguirem vivenciar o Evangelho de Jesus. A vida plena que Jesus promete aos que Lhe seguirem é Vida Espiritual, onde os reais tesouros estão no coração, na alma humana, onde os ladrões não as podem roubar, as traças não as podem corroer, e a ferrugem não as podem consumir. Ele próprio não possuiu riquezas materiais, não tinha sequer uma pedra onde pudesse pousar a cabeça à noite, e os que O seguiram também não acumularam erários na Terra, ao contrário, desprenderam-se de seus bens materiais para atender às necessidades de seus semelhantes.
A visão esotérica dessa alegoria - no caso, o uso que ora estamos empregando ao termo “esotérico”, ratificamos, nada tem a ver com hermetismo, ocultismo, mas sim com a possibilidade de aprofundar uma exegese com novos conhecimentos, aplicando as chaves oferecidas pela Codificação Kardeciana e as obras subsidiárias da Doutrina Espírita - está relacionada à jornada do Espírito Imortal na sua trajetória evolutiva.
Segundo o insigne professor Carlos Torres Pastorino, em sua coleção “Sabedoria do Evangelho”, a primeira tentação guarda como simbolismo a vida do espírito imortal, em sua trajetória evolutiva, nas encarnações sucessivas ou reencarnações, o qual precisa confrontar – na aridez do deserto da existência num planeta de expiações e de provas – com três grandes “tentações”:
I - de EGOÍSMO - transformar as pedras em pães, para saciar a própria fome. Trata-se do desejo animal de satisfazer à fome, isto é, aos apetites egoístas dos instintos inferiores. A resposta de Jesus, extraída de Deuteronômio, faz-nos compreender que a alimentação espiritual da tríade superior também pode saciar, essas fomes..
Na próxima semana, continuaremos analisando a interpretação profunda deste versículo, à luz do conhecimento das Leis Naturais.
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