domingo, 15 de agosto de 2010

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO) – CAPÍTULO 4 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 15 e 18 Agosto/2010)

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULO 9 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 15 e 18 Agosto/2010)

9 Conduziu-o depois a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo,



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 PINÁCULO DO TEMPLO era uma fortificação, ou torre, que ficava acima do Pátio dos Gentios, no Templo de Jerusalém. Era a torre mais alta, contudo, não deve ser confundida com o Forte Antônia. Nessa torre era possível observar todo o povo que transitava nos pátios, e da mesma forma, se alguém saltasse da torre, e flutuasse no ar, seria visto pelas massas aglomeradas, numa exibição incontestável de poder. Dessa forma seria, porquanto, um fenômeno impactante para os expectadores.

 Jesus não estivera submetido a nenhum tipo de tentação. Nada obstante, poder-se-ia usar a alegoria da segunda tentação no deserto para realizarmos uma analogia com o desafio a que missão do Cristo estaria submetida: não usar os Seus imensuráveis potenciais psíquicos para conquistar adeptos à Causa do Evangelho.

 Foram muitos os fenômenos produzidos pelo Cristo, conquanto, faz-se claro que todos eles ocorreram com um fim útil, em absoluto intuito de ação caritativa.

 Usar fenômenos, ou “milagres”, para atrair a simpatia para O Evangelho constitui grave equívoco.

 Vejamos a incomparável elucidação Kardeciana a esse respeito:
 
ALLAN KARDEC - A GÊNESE – Capítulo XIII - As Características dos Milagres

18. Pretender que o sobrenatural é o fundamento necessário de toda religião, que ele é o ponto principal da organização cristã, é sustentar uma tese perigosa.

Assentar as verdades do Cristianismo exclusivamente sobre a base do maravilhoso é dar-lhe um alicerce fraco, cujas pedras se soltam a cada dia. Essa tese, da qual eminentes teólogos se fi zeram defensores, leva à conclusão de que, em um dado tempo, não haverá mais religião possível, nem mesmo a cristã, se o que é considerado como sobrenatural foi demonstrado como natural, uma vez que, por mais que se acumulem os argumentos, não será possível manter a crença de que um fato é milagroso quando está provado que ele não é. Ora, a prova de que um fato não é uma exceção às leis naturais, se faz quando ele pode ser explicado por essas mesmas leis, e que, podendo se reproduzir por intermédio de um indivíduo qualquer, deixa de ser privilégio dos santos. Não é o sobrenatural que é necessário às religiões, mas o princípio espiritual, que costumam erradamente confundir com o maravilhoso, e sem o qual não há religião possível.

O Espiritismo considera a religião cristã de um ponto mais elevado; ele lhe dá uma base mais sólida que os milagres: as imutáveis leis de Deus, que regem tanto o princípio espiritual como o princípio material. Essa base desafia o tempo e a Ciência, uma vez que o tempo e a Ciência virão sancioná-la.

Deus não se torna menos digno da nossa admiração, do nosso reconhecimento e do nosso respeito, por não haver derrogado as suas leis, grandiosas sobretudo pela sua imutabilidade. Não há necessidade do sobrenatural para que se renda a Deus o culto que lhe é devido.

A Natureza já não é por si mesma bastante imponente?

O que é preciso nela acrescentar para provar o poder supremo?

Quanto mais a religião tiver todos os seus pontos sancionados pela razão, menos incrédulos ela encontrará. O Cristianismo não tem nada a perder com esta sanção, ao contrário, ele só tem a ganhar. Se alguma coisa pôde prejudicá-lo na opinião de certas pessoas, é precisamente o abuso do sobrenatural e do maravilhoso.

19. Se tomarmos a palavra milagre na sua acepção etimológica, no sentido de coisa admirável, teremos milagres acontecendo incessantemente sob as nossas vistas. Nós os aspiramos no ar e os calcamos sob nossos pés, porque na natureza, tudo é milagre.

Querem dar ao povo, aos ignorantes e aos pobres de espírito uma idéia do poder de Deus? É preciso mostrá-lo na sabedoria infinita que a tudo preside, no admirável organismo de tudo o que vive, na frutificação das plantas, na adequação de todas as partes de cada ser às suas necessidades, de acordo com o meio onde ele é chamado a viver. É preciso mostrar-lhes a ação de Deus no broto de uma erva, na flor que desabrocha, no Sol que tudo vivifica. É preciso mostrar-lhes sua bondade na sua solicitude por todas as criaturas, por mais ínfimas que sejam, a sua previdência na razão de ser de cada coisa, entre as quais nenhuma é inútil, no bem que sempre decorre de um mal aparente e momentâneo. É preciso fazê-los compreender, principalmente, que o mal real é obra do homem e não de Deus; não procurem apavorá-los com o quadro das penas eternas em que acabam não acreditando mais, e que os fazem duvidar da bondade de Deus; antes, dêem-lhes coragem pela certeza de poderem redimir-se um dia e reparar o mal que hajam praticado. Mostrem-lhes as descobertas da Ciência como revelação das leis divinas e não como a obra de Satanás. Ensinem-lhes, finalmente, a ler no livro da natureza, constantemente aberto diante deles; nesse livro inesgotável, onde a cada página, se acham inscritas a sabedoria e a bondade do Criador. Eles, então, compreenderão que um Ser tão grande, se ocupando de tudo, velando por tudo e tudo prevendo, tem de ser soberanamente poderoso. O lavrador o verá ao sulcar o seu campo, e o infortunado o louvará nas suas aflições, pois dirá a si mesmo: Se sou infeliz, é por minha culpa. Então, os homens serão verdadeiramente religiosos, sobretudo racionalmente religiosos, muito mais do que se esforçando para crer em pedras que suam sangue, ou em estátuas que piscam os olhos e derramam lágrimas.

Allan Kardec

 
 
 
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