domingo, 29 de agosto de 2010

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULOS 10 e 11 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 29 de Agosto e 01 de setembro/2010)

TRADUÇÃO “BÍBLIA DE JESRUSALÉM”

10. porque está escrito: “Ele dará ordens a seus anjos a teu respeito, para que te guardem; 11. e ainda: E eles te tomarão pelas mãos, para não tropeces em nenhuma pedra”.

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Sobre a impossibilidade de existir um ser, quer seja chamado arimane, diabo ou satanaz, em condição de opositor de Deus, leiamos: Allan Kardec, em A Gênese:
Cap. III, itens 1, 2 e 3 (A. Kardec analisa a origem do bem e do mal).
Cap. XIII, itens 16 (A. Kardec conduz-nos à compreensão sobre Leis Divinas, imutáveis e irrevogáveis)
Cap. XIV, itens 12 (A. Kardec explica-nos sobre a ilógica da existência de Deus, sendo Infinitamente Perfeito, e de um Satanáz, como Seu eterno opositor)

 Ademais, sobre as explicações de “A Tentação no Deserto” tratar-se de um alegoria, ou uma parábola, recomendamos, ainda, a releitura da exegese – prodigiosa – de Allan Kardec, que está contida também em A Gênese, no seu capítulo XV, itens 52 e 53, acerca da “Tentação no Deserto”.

 Nas tentações anteriores Jesus redargüiu ao “inimigo” usando como fundamentação o próprio Antigo Testamento. Malgrado, na terceira tentação, é o “diabolos” quem aproveita as Escrituras para negociar com Jesus. Evidentemente, nesse simbolismo, o diabo faz uma adulteração do Antigo Testamento, com o intuito de adaptá-la aos seus interesses nefastos.

 Na alegoria da tentação, essa frase teria sido dita pelo diabo, que a havia adulterado do original do salmo 91, “Sob as Asas Divinas”: 11, “pois em teu favor ele ordenou aos seus anjos que te guardem em teus caminhos todos”; 12, “Eles te levarão em mãos, para que teus pés não tropecem numa pedra”.

 Nesse simbolismo, que serve de profunda reflexão aos cristãos em geral, e aos espíritas em particular, urge exercer grande cuidado com os livros que adulteram a pureza da doutrina espírita, com os livros que nela tentam enxertar meias-verdades - que são, de fato, mentiras completas - no afã de implodir o edifício da Doutrina Espírita, corroendo-o de dentro para fora.

 Os livros espíritas são como a nascente da fonte de nossa religião. Se houver a poluição em seu nascedouro, todo o rio ficará corrompido, e insalubre. Portanto, a alegoria da terceira tentação serve-nos de alerta, face às tentativas dos “inimigos” da Verdade em trazer prejuízo à Obra do Espírito de Verdade.

 Importante relembrar as orientações Kardecianas pertinentes ao nosso papel, enquanto colaboradores da Seara Espírita, e responsáveis pela sua divulgação. Assim se pronunciou Allan Kardec:

"[...] Sem dúvida o Espiritismo está muito espalhado; contudo, estaria ainda mais se todos os adeptos tivessem seguido os conselhos da prudência e guardado uma prudente reserva. Sem dúvida é preciso levar-lhes em conta a intenção, mas é certo que mais de um tem justificado o provérbio: Mais vale um inimigo confesso que um amigo inconveniente. O pior disto é fornecer armas aos adversários, que sabem explorar habilmente uma inconveniência. Nunca seria demais recomendar aos espíritas que refletissem maduramente antes de agir. Não tendo em vista senão o bem da causa, o verdadeiro espírita sabe fazer abnegação do amor próprio. Crer em sua própria infalibilidade, recusar o conselho da maioria e persistir num caminho que se demonstra mau e comprometedor, não é atitude de um verdadeiro espírita. Seria dar prova de orgulho, se não de obsessão.

[...] Entre as inabilidades é preciso colocar em primeira linha as publicações intempestivas ou excêntricas, por serem os fatos de maior repercussão. Nenhum espírita ignora que os Espíritos estão longe de possuir a soberana ciência; muitos dentre eles sabem menos que certos homens e, como certos homens também, têm a pretensão de tudo saber. Sobre todas as coisas têm sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Ora, ainda como os homens, em geral os que têm idéias mais falsas são os mais obstinados. Esses pseudo-sábios falam de tudo, constroem sistemas, criam utopias ou ditam as coisas mais excêntricas, sentindo-se felizes quando encontram intérpretes complacentes e crédulos que lhes aceitam as elucubrações de olhos fechados.

[...] Já chamamos a atenção para essa manobra no relatório de nossa viagem de 1862, porque, em nosso caminho, recebemos três beijos de Judas, com os quais não nos enganamos, embora não nos tivéssemos manifestado. Aliás, tínhamos sido prevenidos antes de nossa partida das armadilhas que nos seriam estendidas. Mas ficamos de olho, certo de que um dia seriam desmascarados, porque é tão difícil a um falso espírita, quanto a um mau Espírito, simular um Espírito superior. Nem um nem outro podem sustentar por muito tempo o seu papel.

[...] O que caracteriza principalmente esses pretensos adeptos é a tendência a fazer o Espiritismo sair dos caminhos da prudência e da moderação por seu ardente desejo do triunfo da verdade; a estimular as publicações excêntricas; a extasiar-se de admiração ante as comunicações apócrifas mais ridículas, e que têm o cuidado de espalhar; a provocar nas reuniões assuntos comprometedores sobre política e religião, sempre pelo triunfo da verdade, que não pode ficar debaixo do alqueire; seus elogios aos homens e às coisas são bajulações de arrepiar: são os fanfarrões do Espiritismo. Outros são mais afetados e hipócritas; com olhar oblíquo e palavras melífluas sopram a discórdia enquanto pregam a união. Suscitam com habilidade a discussão de questões irritantes ou ferinas, capazes de provocar dissidências. Excitam uma inveja de predominância entre os vários grupos e ficariam contentíssimos se os vissem a se apedrejarem e, em favor de algumas divergências de opinião sobre certas questões de forma ou de fundo, geralmente provocadas, erguem bandeira contra bandeira."

Allan Kardec, Revista Espírita, março de1863

 Recomendamos a leitura do artigo “FIDELIDADE DOUTRINÁRIA”, de autoria do professor José Passini:

“ Há pessoas que estão sempre a buscar atalhos, soluções prontas, para agirem sem o esforço da análise, do exame cuidadoso, conforme recomenda o Apóstolo Paulo: “Examinai tudo; retende o bem.” (I Ts, 5: 21). Essas pessoas, por certo, ainda não entenderam a inspirada assertiva do Codificador, ao grafar na folha-de-rosto do primeiro livro eminentemente religioso da Doutrina, O Evangelho segundo o Espiritismo: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

O esforço para a construção dessa fé inabalável é penoso para aqueles que desejam receber tudo pronto. Os que assim se posicionam têm muitas dúvidas no terreno da fidelidade doutrinária. Seria do seu agrado o estabelecimento de um index para orientar o que deveriam ler, de um manual de procedimentos para as atividades desenvolvidas nos centros espíritas e, também, de uma cartilha de orientação para o seu próprio procedimento em sociedade.

Em relação à fidelidade doutrinária, há posições as mais variadas assumidas pelas pessoas. Há aquelas que desejariam houvesse uma lista de obras “condenadas”, o que lhes facilitaria a escolha para a leitura de informações seguras, sem terem que “esquentar a cabeça”.

No outro extremo, outras há que reagem negativamente a qualquer tipo de avaliação ou de juízo formulado sobre uma publicação, tachando tal ato como estabelecimento de um index.

Nesse contexto, deve ser lembrado que uma das características marcantes do Espiritismo é exatamente a liberdade que confere aos seus profitentes. Liberdade aprendida com Jesus, que nunca constrangeu ninguém a fazer ou deixar de fazer algo, simplesmente porque lhe fora ordenado.

O Mestre sempre buscava levar o ouvinte a entender os seus ensinamentos, raciocinando sobre eles, o que obtinha através dos diálogos que estabelecia.

Muitas passagens discutíveis do Novo Testamento, muitas palavras e frases atribuídas a Jesus, lá estão porque o Alto o permitiu. Apesar de muitos cortes, acréscimos e adaptações, o essencial foi conservado intacto. O que se tornou objeto de discussão serve para aprendermos a raciocinar em termos de fé e exercitarmos o bom-senso. Se Jesus tivesse vindo para trazer-nos fórmulas acabadas de salvação – tão a gosto dos simplistas – não teria sido carpinteiro, mas sim canteiro, pois trabalhando com pedras teria oportunidade de deixar seus ensinamentos insculpidos em lajes, como verdadeiras “receitas” de salvação, a serem seguidas ipsis verbis pelos séculos afora.

Esse desejo do Mestre, de conduzir seus discípulos ao estudo e à reflexão, fica muito claro quando recomenda: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo, 8: 32).

Dentro dessa perspectiva, como encontrar o ponto de equilíbrio entre os que querem um index e um manual de procedimentos, e aqueles que advogam liberdade ampla, total e irrestrita? Avaliar se uma obra ou uma prática está em consonância com os princípios doutrinários é tarefa para quem conhece realmente a Doutrina. Daí, a necessidade do estudo, da reflexão, da análise serena e desapaixonada, a fim de que se chegue à conclusão do que está de acordo e do que está em confronto com as verdades que o Espiritismo esposa.

A preservação da fidelidade doutrinária no que diz respeito às práticas desenvolvidas numa entidade espírita é mais fácil, pois ninguém usaria velas, bebidas, fumaça, roupas especiais, imagens, rituais, etc. Entretanto, quando se trata do uso da palavra, seja oralmente, seja por escrito, a tarefa de verificação se torna mais difícil. Mais difícil porque esbarra, quase sempre, no personalismo camuflado numa capa de inovação, renovação, atualização, etc.

A mediunidade tem sido veículo para a divulgação de muitas “novidades” que deveriam ter merecido acurado exame antes de se terem transformado em folhetos e, principalmente, em livros. Infelizmente, o encantamento provocado pelo fenômeno ainda oblitera a visão de muitos, conduzindo-os a entendimentos equivocados.

Se houvesse mais estudo da Codificação, por certo o número de obras anti-doutrinárias existentes, tanto pela ação de médiuns quanto de leitores seria bem menor, para não dizermos nulo. Temos o exemplo maior em Kardec, que se conservou sereno e judicioso, embora a imensa emoção que deve ter sentido ao comprovar a imortalidade da alma, ao “descobrir” o Mundo Espiritual, e ao verificar o relacionamento efetivo entre encarnados e desencarnados. É oportuno seja lembrada a sempre atual advertência de Erasto, que Kardec inseriu em O Livro dos Médiuns: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.” (item 230).

A necessidade do uso do bom-senso no campo da mediunidade é evidenciada desde os tempos apostólicos, conforme se aprende com o Apóstolo Paulo – seguramente a maior autoridade em assuntos mediúnicos no Cristianismo nascente – que recomenda: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.” (I Co, 14: 29). O mesmo cuidado é recomendado por João: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. (I Jo, 4: 1).

Essas recomendações continuam atualíssimas, diante do momento que vivemos, pois atravessamos um período que nos requer muita atenção relativamente à fidelidade doutrinária, principalmente no campo mediúnico voltado à produção de livros. Note-se que o vocábulo produção é intencionalmente usado aqui para substituir publicação, pela verdadeira avalancha de obras mediúnicas que invadem as prateleiras das livrarias.

Há uma ânsia desenfreada de se publicar tudo o que médiuns invigilantes produzem, sequiosos de verem seus nomes em capas de livros. Há editoras que descobriram um verdadeiro filão de ouro no meio espírita.

Muitos dos que adquirem livros pensando estarem ajudando instituições de amparo a necessitados não são informados do que resta no final, depois de deduzidas as despesas e os ganhos das editoras... Se há grande profissionalismo editorial, felizmente, o profissionalismo mediúnico, no que se refere à literatura espírita ficou restrito a conhecida família, que não mais se pode dizer espírita, mas sim praticante de mediunidade apenas.

Os adversários do Espiritismo de há muito desistiram de combatê-lo através de ataques exteriores. Agora, eles se imiscuem no nosso meio, onde quase que imperceptivelmente, valendo-se da invigilância de muitos, buscam lançar o descrédito através de mensagens fantasiosas, quando não ridículas. Por isso, no quadro atual, mais que nunca, os médiuns devem pôr em prática o “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação (...)”. (Mt, 26: 41).

Diante do exposto, fica claro que não se pode nem estabelecer um manual de procedimentos, nem elaborar um index, objetivando a preservação da fidelidade doutrinária. Mas, então, como proceder diante dessa quantidade imensa de obras inovadoras e de posicionamentos inusitados, cujas “revelações” e “modernizações” vão desde o simplesmente discutível ao claramente anti-doutrinário?

Em atitudes discretas, equilibradas, ao amparo da oração sincera, cada espírita consciente deve constituir-se em guardião fiel dos princípios doutrinários, o que conseguirá através do estudo, da reflexão, do uso do bom-senso.”

José Passini, Publicado na Revista Internacional de Espiritismo em Nov. 2003




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LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULOS 10 e 11 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 29 de Agosto e 01 de setembro/2010)

TRADUÇÃO “BÍBLIA DE JESRUSALÉM”

10. porque está escrito: “Ele dará ordens a seus anjos a teu respeito, para que te guardem; 11. e ainda: E eles te tomarão pelas mãos, para não tropeces em nenhuma pedra”.

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Sobre a impossibilidade de existir um ser, quer seja chamado arimane, diabo ou satanaz, em condição de opositor de Deus, leiamos: Allan Kardec, em A Gênese:
Cap. III, itens 1, 2 e 3 (A. Kardec analisa a origem do bem e do mal).
Cap. XIII, itens 16 (A. Kardec conduz-nos à compreensão sobre Leis Divinas, imutáveis e irrevogáveis)
Cap. XIV, itens 12 (A. Kardec explica-nos sobre a ilógica da existência de Deus, sendo Infinitamente Perfeito, e de um Satanáz, como Seu eterno opositor)

 Ademais, sobre as explicações de “A Tentação no Deserto” tratar-se de um alegoria, ou uma parábola, recomendamos, ainda, a releitura da exegese – prodigiosa – de Allan Kardec, que está contida também em A Gênese, no seu capítulo XV, itens 52 e 53, acerca da “Tentação no Deserto”.

 Nas tentações anteriores Jesus redargüiu ao “inimigo” usando como fundamentação o próprio Antigo Testamento. Malgrado, na terceira tentação, é o “diabolos” quem aproveita as Escrituras para negociar com Jesus. Evidentemente, nesse simbolismo, o diabo faz uma adulteração do Antigo Testamento, com o intuito de adaptá-la aos seus interesses nefastos.

 Na alegoria da tentação, essa frase teria sido dita pelo diabo, que a havia adulterado do original do salmo 91, “Sob as Asas Divinas”: 11, “pois em teu favor ele ordenou aos seus anjos que te guardem em teus caminhos todos”; 12, “Eles te levarão em mãos, para que teus pés não tropecem numa pedra”.

 Nesse simbolismo, que serve de profunda reflexão aos cristãos em geral, e aos espíritas em particular, urge exercer grande cuidado com os livros que adulteram a pureza da doutrina espírita, com os livros que nela tentam enxertar meias-verdades - que são, de fato, mentiras completas - no afã de implodir o edifício da Doutrina Espírita, corroendo-o de dentro para fora.

 Os livros espíritas são como a nascente da fonte de nossa religião. Se houver a poluição em seu nascedouro, todo o rio ficará corrompido, e insalubre. Portanto, a alegoria da terceira tentação serve-nos de alerta, face às tentativas dos “inimigos” da Verdade em trazer prejuízo à Obra do Espírito de Verdade.

 Importante relembrar as orientações Kardecianas pertinentes ao nosso papel, enquanto colaboradores da Seara Espírita, e responsáveis pela sua divulgação. Assim se pronunciou Allan Kardec:

"[...] Sem dúvida o Espiritismo está muito espalhado; contudo, estaria ainda mais se todos os adeptos tivessem seguido os conselhos da prudência e guardado uma prudente reserva. Sem dúvida é preciso levar-lhes em conta a intenção, mas é certo que mais de um tem justificado o provérbio: Mais vale um inimigo confesso que um amigo inconveniente. O pior disto é fornecer armas aos adversários, que sabem explorar habilmente uma inconveniência. Nunca seria demais recomendar aos espíritas que refletissem maduramente antes de agir. Não tendo em vista senão o bem da causa, o verdadeiro espírita sabe fazer abnegação do amor próprio. Crer em sua própria infalibilidade, recusar o conselho da maioria e persistir num caminho que se demonstra mau e comprometedor, não é atitude de um verdadeiro espírita. Seria dar prova de orgulho, se não de obsessão.

[...] Entre as inabilidades é preciso colocar em primeira linha as publicações intempestivas ou excêntricas, por serem os fatos de maior repercussão. Nenhum espírita ignora que os Espíritos estão longe de possuir a soberana ciência; muitos dentre eles sabem menos que certos homens e, como certos homens também, têm a pretensão de tudo saber. Sobre todas as coisas têm sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Ora, ainda como os homens, em geral os que têm idéias mais falsas são os mais obstinados. Esses pseudo-sábios falam de tudo, constroem sistemas, criam utopias ou ditam as coisas mais excêntricas, sentindo-se felizes quando encontram intérpretes complacentes e crédulos que lhes aceitam as elucubrações de olhos fechados.

[...] Já chamamos a atenção para essa manobra no relatório de nossa viagem de 1862, porque, em nosso caminho, recebemos três beijos de Judas, com os quais não nos enganamos, embora não nos tivéssemos manifestado. Aliás, tínhamos sido prevenidos antes de nossa partida das armadilhas que nos seriam estendidas. Mas ficamos de olho, certo de que um dia seriam desmascarados, porque é tão difícil a um falso espírita, quanto a um mau Espírito, simular um Espírito superior. Nem um nem outro podem sustentar por muito tempo o seu papel.

[...] O que caracteriza principalmente esses pretensos adeptos é a tendência a fazer o Espiritismo sair dos caminhos da prudência e da moderação por seu ardente desejo do triunfo da verdade; a estimular as publicações excêntricas; a extasiar-se de admiração ante as comunicações apócrifas mais ridículas, e que têm o cuidado de espalhar; a provocar nas reuniões assuntos comprometedores sobre política e religião, sempre pelo triunfo da verdade, que não pode ficar debaixo do alqueire; seus elogios aos homens e às coisas são bajulações de arrepiar: são os fanfarrões do Espiritismo. Outros são mais afetados e hipócritas; com olhar oblíquo e palavras melífluas sopram a discórdia enquanto pregam a união. Suscitam com habilidade a discussão de questões irritantes ou ferinas, capazes de provocar dissidências. Excitam uma inveja de predominância entre os vários grupos e ficariam contentíssimos se os vissem a se apedrejarem e, em favor de algumas divergências de opinião sobre certas questões de forma ou de fundo, geralmente provocadas, erguem bandeira contra bandeira."

Allan Kardec, Revista Espírita, março de1863

 Recomendamos a leitura do artigo “FIDELIDADE DOUTRINÁRIA”, de autoria do professor José Passini:

“ Há pessoas que estão sempre a buscar atalhos, soluções prontas, para agirem sem o esforço da análise, do exame cuidadoso, conforme recomenda o Apóstolo Paulo: “Examinai tudo; retende o bem.” (I Ts, 5: 21). Essas pessoas, por certo, ainda não entenderam a inspirada assertiva do Codificador, ao grafar na folha-de-rosto do primeiro livro eminentemente religioso da Doutrina, O Evangelho segundo o Espiritismo: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

O esforço para a construção dessa fé inabalável é penoso para aqueles que desejam receber tudo pronto. Os que assim se posicionam têm muitas dúvidas no terreno da fidelidade doutrinária. Seria do seu agrado o estabelecimento de um index para orientar o que deveriam ler, de um manual de procedimentos para as atividades desenvolvidas nos centros espíritas e, também, de uma cartilha de orientação para o seu próprio procedimento em sociedade.

Em relação à fidelidade doutrinária, há posições as mais variadas assumidas pelas pessoas. Há aquelas que desejariam houvesse uma lista de obras “condenadas”, o que lhes facilitaria a escolha para a leitura de informações seguras, sem terem que “esquentar a cabeça”.

No outro extremo, outras há que reagem negativamente a qualquer tipo de avaliação ou de juízo formulado sobre uma publicação, tachando tal ato como estabelecimento de um index.

Nesse contexto, deve ser lembrado que uma das características marcantes do Espiritismo é exatamente a liberdade que confere aos seus profitentes. Liberdade aprendida com Jesus, que nunca constrangeu ninguém a fazer ou deixar de fazer algo, simplesmente porque lhe fora ordenado.

O Mestre sempre buscava levar o ouvinte a entender os seus ensinamentos, raciocinando sobre eles, o que obtinha através dos diálogos que estabelecia.

Muitas passagens discutíveis do Novo Testamento, muitas palavras e frases atribuídas a Jesus, lá estão porque o Alto o permitiu. Apesar de muitos cortes, acréscimos e adaptações, o essencial foi conservado intacto. O que se tornou objeto de discussão serve para aprendermos a raciocinar em termos de fé e exercitarmos o bom-senso. Se Jesus tivesse vindo para trazer-nos fórmulas acabadas de salvação – tão a gosto dos simplistas – não teria sido carpinteiro, mas sim canteiro, pois trabalhando com pedras teria oportunidade de deixar seus ensinamentos insculpidos em lajes, como verdadeiras “receitas” de salvação, a serem seguidas ipsis verbis pelos séculos afora.

Esse desejo do Mestre, de conduzir seus discípulos ao estudo e à reflexão, fica muito claro quando recomenda: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo, 8: 32).

Dentro dessa perspectiva, como encontrar o ponto de equilíbrio entre os que querem um index e um manual de procedimentos, e aqueles que advogam liberdade ampla, total e irrestrita? Avaliar se uma obra ou uma prática está em consonância com os princípios doutrinários é tarefa para quem conhece realmente a Doutrina. Daí, a necessidade do estudo, da reflexão, da análise serena e desapaixonada, a fim de que se chegue à conclusão do que está de acordo e do que está em confronto com as verdades que o Espiritismo esposa.

A preservação da fidelidade doutrinária no que diz respeito às práticas desenvolvidas numa entidade espírita é mais fácil, pois ninguém usaria velas, bebidas, fumaça, roupas especiais, imagens, rituais, etc. Entretanto, quando se trata do uso da palavra, seja oralmente, seja por escrito, a tarefa de verificação se torna mais difícil. Mais difícil porque esbarra, quase sempre, no personalismo camuflado numa capa de inovação, renovação, atualização, etc.

A mediunidade tem sido veículo para a divulgação de muitas “novidades” que deveriam ter merecido acurado exame antes de se terem transformado em folhetos e, principalmente, em livros. Infelizmente, o encantamento provocado pelo fenômeno ainda oblitera a visão de muitos, conduzindo-os a entendimentos equivocados.

Se houvesse mais estudo da Codificação, por certo o número de obras anti-doutrinárias existentes, tanto pela ação de médiuns quanto de leitores seria bem menor, para não dizermos nulo. Temos o exemplo maior em Kardec, que se conservou sereno e judicioso, embora a imensa emoção que deve ter sentido ao comprovar a imortalidade da alma, ao “descobrir” o Mundo Espiritual, e ao verificar o relacionamento efetivo entre encarnados e desencarnados. É oportuno seja lembrada a sempre atual advertência de Erasto, que Kardec inseriu em O Livro dos Médiuns: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.” (item 230).

A necessidade do uso do bom-senso no campo da mediunidade é evidenciada desde os tempos apostólicos, conforme se aprende com o Apóstolo Paulo – seguramente a maior autoridade em assuntos mediúnicos no Cristianismo nascente – que recomenda: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.” (I Co, 14: 29). O mesmo cuidado é recomendado por João: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. (I Jo, 4: 1).

Essas recomendações continuam atualíssimas, diante do momento que vivemos, pois atravessamos um período que nos requer muita atenção relativamente à fidelidade doutrinária, principalmente no campo mediúnico voltado à produção de livros. Note-se que o vocábulo produção é intencionalmente usado aqui para substituir publicação, pela verdadeira avalancha de obras mediúnicas que invadem as prateleiras das livrarias.

Há uma ânsia desenfreada de se publicar tudo o que médiuns invigilantes produzem, sequiosos de verem seus nomes em capas de livros. Há editoras que descobriram um verdadeiro filão de ouro no meio espírita.

Muitos dos que adquirem livros pensando estarem ajudando instituições de amparo a necessitados não são informados do que resta no final, depois de deduzidas as despesas e os ganhos das editoras... Se há grande profissionalismo editorial, felizmente, o profissionalismo mediúnico, no que se refere à literatura espírita ficou restrito a conhecida família, que não mais se pode dizer espírita, mas sim praticante de mediunidade apenas.

Os adversários do Espiritismo de há muito desistiram de combatê-lo através de ataques exteriores. Agora, eles se imiscuem no nosso meio, onde quase que imperceptivelmente, valendo-se da invigilância de muitos, buscam lançar o descrédito através de mensagens fantasiosas, quando não ridículas. Por isso, no quadro atual, mais que nunca, os médiuns devem pôr em prática o “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação (...)”. (Mt, 26: 41).

Diante do exposto, fica claro que não se pode nem estabelecer um manual de procedimentos, nem elaborar um index, objetivando a preservação da fidelidade doutrinária. Mas, então, como proceder diante dessa quantidade imensa de obras inovadoras e de posicionamentos inusitados, cujas “revelações” e “modernizações” vão desde o simplesmente discutível ao claramente anti-doutrinário?

Em atitudes discretas, equilibradas, ao amparo da oração sincera, cada espírita consciente deve constituir-se em guardião fiel dos princípios doutrinários, o que conseguirá através do estudo, da reflexão, do uso do bom-senso.”

José Passini, Publicado na Revista Internacional de Espiritismo em Nov. 2003




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domingo, 22 de agosto de 2010

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULOS 9 ao 12 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 22 e 25 Agosto/2010)

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULOS 9 ao 12 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 22 e 25 Agosto/2010)

9 Conduziu-o depois a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo,


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 Fazendo um resgate do programa anterior: o PINÁCULO DO TEMPLO era uma fortificação, ou torre, que ficava acima do Pátio dos Gentios, no Templo de Jerusalém. Era a torre mais alta, contudo, não deve ser confundida com o Forte Antônia. Nessa torre era possível observar todo o povo que transitava nos pátios, e da mesma forma, se alguém saltasse da torre, e flutuasse no ar, seria visto pelas massas aglomeradas, numa exibição incontestável de poder. Dessa forma seria, porquanto, um fenômeno impactante para os expectadores.

 Jesus não estivera submetido a nenhum tipo de tentação. Nada obstante, poder-se-ia usar a alegoria da segunda tentação no deserto para realizarmos uma analogia com o desafio a que missão do Cristo estaria submetida: não usar os Seus imensuráveis potenciais psíquicos para conquistar adeptos à Causa do Evangelho, ou para demonstrar a própria condição de superioridade.

 Foram muitos os fenômenos produzidos pelo Cristo, conquanto, faz-se claro que todos eles ocorreram com um fim útil, em absoluto intuito de ação caritativa, consolando, educando, curando e libertando aos necessitados de toda ordem.

 Nesse entendimento, urge compreender que a utilização de fenômenos, ou “milagres”, para atrair a simpatia para O Evangelho constitui grave equívoco.

 A terceira tentação simboliza a utilização de um show, de um espetáculo fenomênico, para seduzir adeptos para o Evangelho. Malgrado, O Evangelho não necessita de espetáculos para conquistar os corações. A capacidade de atrair os espíritos emana da prática do bem pelo bem. A própria caridade é o foco luminoso que atrai para a Doutrina do Cristo as almas sedentas de amor. Os fenômenos podem interessar aos olhos, nada obstante, não criam raízes no imo do ser.

 Importante rememorar as aclarações Kardecianas, contidas em A GÊNESE, Capítulo XIII - As Características dos Milagres. A incontestáveis explicações de Allan Kardec estão transcritas neste blog, nos apontamentos do programa de 8 e 11 de agosto, abaixo.



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LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULOS 9 ao 12 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 22 e 25 Agosto/2010)

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULOS 9 ao 12 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 22 e 25 Agosto/2010)

9 Conduziu-o depois a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo,


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 Fazendo um resgate do programa anterior: o PINÁCULO DO TEMPLO era uma fortificação, ou torre, que ficava acima do Pátio dos Gentios, no Templo de Jerusalém. Era a torre mais alta, contudo, não deve ser confundida com o Forte Antônia. Nessa torre era possível observar todo o povo que transitava nos pátios, e da mesma forma, se alguém saltasse da torre, e flutuasse no ar, seria visto pelas massas aglomeradas, numa exibição incontestável de poder. Dessa forma seria, porquanto, um fenômeno impactante para os expectadores.

 Jesus não estivera submetido a nenhum tipo de tentação. Nada obstante, poder-se-ia usar a alegoria da segunda tentação no deserto para realizarmos uma analogia com o desafio a que missão do Cristo estaria submetida: não usar os Seus imensuráveis potenciais psíquicos para conquistar adeptos à Causa do Evangelho, ou para demonstrar a própria condição de superioridade.

 Foram muitos os fenômenos produzidos pelo Cristo, conquanto, faz-se claro que todos eles ocorreram com um fim útil, em absoluto intuito de ação caritativa, consolando, educando, curando e libertando aos necessitados de toda ordem.

 Nesse entendimento, urge compreender que a utilização de fenômenos, ou “milagres”, para atrair a simpatia para O Evangelho constitui grave equívoco.

 A terceira tentação simboliza a utilização de um show, de um espetáculo fenomênico, para seduzir adeptos para o Evangelho. Malgrado, O Evangelho não necessita de espetáculos para conquistar os corações. A capacidade de atrair os espíritos emana da prática do bem pelo bem. A própria caridade é o foco luminoso que atrai para a Doutrina do Cristo as almas sedentas de amor. Os fenômenos podem interessar aos olhos, nada obstante, não criam raízes no imo do ser.

 Importante rememorar as aclarações Kardecianas, contidas em A GÊNESE, Capítulo XIII - As Características dos Milagres. A incontestáveis explicações de Allan Kardec estão transcritas neste blog, nos apontamentos do programa de 8 e 11 de agosto, abaixo.



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domingo, 15 de agosto de 2010

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO) – CAPÍTULO 4 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 15 e 18 Agosto/2010)

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULO 9 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 15 e 18 Agosto/2010)

9 Conduziu-o depois a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo,



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 PINÁCULO DO TEMPLO era uma fortificação, ou torre, que ficava acima do Pátio dos Gentios, no Templo de Jerusalém. Era a torre mais alta, contudo, não deve ser confundida com o Forte Antônia. Nessa torre era possível observar todo o povo que transitava nos pátios, e da mesma forma, se alguém saltasse da torre, e flutuasse no ar, seria visto pelas massas aglomeradas, numa exibição incontestável de poder. Dessa forma seria, porquanto, um fenômeno impactante para os expectadores.

 Jesus não estivera submetido a nenhum tipo de tentação. Nada obstante, poder-se-ia usar a alegoria da segunda tentação no deserto para realizarmos uma analogia com o desafio a que missão do Cristo estaria submetida: não usar os Seus imensuráveis potenciais psíquicos para conquistar adeptos à Causa do Evangelho.

 Foram muitos os fenômenos produzidos pelo Cristo, conquanto, faz-se claro que todos eles ocorreram com um fim útil, em absoluto intuito de ação caritativa.

 Usar fenômenos, ou “milagres”, para atrair a simpatia para O Evangelho constitui grave equívoco.

 Vejamos a incomparável elucidação Kardeciana a esse respeito:
 
ALLAN KARDEC - A GÊNESE – Capítulo XIII - As Características dos Milagres

18. Pretender que o sobrenatural é o fundamento necessário de toda religião, que ele é o ponto principal da organização cristã, é sustentar uma tese perigosa.

Assentar as verdades do Cristianismo exclusivamente sobre a base do maravilhoso é dar-lhe um alicerce fraco, cujas pedras se soltam a cada dia. Essa tese, da qual eminentes teólogos se fi zeram defensores, leva à conclusão de que, em um dado tempo, não haverá mais religião possível, nem mesmo a cristã, se o que é considerado como sobrenatural foi demonstrado como natural, uma vez que, por mais que se acumulem os argumentos, não será possível manter a crença de que um fato é milagroso quando está provado que ele não é. Ora, a prova de que um fato não é uma exceção às leis naturais, se faz quando ele pode ser explicado por essas mesmas leis, e que, podendo se reproduzir por intermédio de um indivíduo qualquer, deixa de ser privilégio dos santos. Não é o sobrenatural que é necessário às religiões, mas o princípio espiritual, que costumam erradamente confundir com o maravilhoso, e sem o qual não há religião possível.

O Espiritismo considera a religião cristã de um ponto mais elevado; ele lhe dá uma base mais sólida que os milagres: as imutáveis leis de Deus, que regem tanto o princípio espiritual como o princípio material. Essa base desafia o tempo e a Ciência, uma vez que o tempo e a Ciência virão sancioná-la.

Deus não se torna menos digno da nossa admiração, do nosso reconhecimento e do nosso respeito, por não haver derrogado as suas leis, grandiosas sobretudo pela sua imutabilidade. Não há necessidade do sobrenatural para que se renda a Deus o culto que lhe é devido.

A Natureza já não é por si mesma bastante imponente?

O que é preciso nela acrescentar para provar o poder supremo?

Quanto mais a religião tiver todos os seus pontos sancionados pela razão, menos incrédulos ela encontrará. O Cristianismo não tem nada a perder com esta sanção, ao contrário, ele só tem a ganhar. Se alguma coisa pôde prejudicá-lo na opinião de certas pessoas, é precisamente o abuso do sobrenatural e do maravilhoso.

19. Se tomarmos a palavra milagre na sua acepção etimológica, no sentido de coisa admirável, teremos milagres acontecendo incessantemente sob as nossas vistas. Nós os aspiramos no ar e os calcamos sob nossos pés, porque na natureza, tudo é milagre.

Querem dar ao povo, aos ignorantes e aos pobres de espírito uma idéia do poder de Deus? É preciso mostrá-lo na sabedoria infinita que a tudo preside, no admirável organismo de tudo o que vive, na frutificação das plantas, na adequação de todas as partes de cada ser às suas necessidades, de acordo com o meio onde ele é chamado a viver. É preciso mostrar-lhes a ação de Deus no broto de uma erva, na flor que desabrocha, no Sol que tudo vivifica. É preciso mostrar-lhes sua bondade na sua solicitude por todas as criaturas, por mais ínfimas que sejam, a sua previdência na razão de ser de cada coisa, entre as quais nenhuma é inútil, no bem que sempre decorre de um mal aparente e momentâneo. É preciso fazê-los compreender, principalmente, que o mal real é obra do homem e não de Deus; não procurem apavorá-los com o quadro das penas eternas em que acabam não acreditando mais, e que os fazem duvidar da bondade de Deus; antes, dêem-lhes coragem pela certeza de poderem redimir-se um dia e reparar o mal que hajam praticado. Mostrem-lhes as descobertas da Ciência como revelação das leis divinas e não como a obra de Satanás. Ensinem-lhes, finalmente, a ler no livro da natureza, constantemente aberto diante deles; nesse livro inesgotável, onde a cada página, se acham inscritas a sabedoria e a bondade do Criador. Eles, então, compreenderão que um Ser tão grande, se ocupando de tudo, velando por tudo e tudo prevendo, tem de ser soberanamente poderoso. O lavrador o verá ao sulcar o seu campo, e o infortunado o louvará nas suas aflições, pois dirá a si mesmo: Se sou infeliz, é por minha culpa. Então, os homens serão verdadeiramente religiosos, sobretudo racionalmente religiosos, muito mais do que se esforçando para crer em pedras que suam sangue, ou em estátuas que piscam os olhos e derramam lágrimas.

Allan Kardec

 
 
 
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LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO) – CAPÍTULO 4 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 15 e 18 Agosto/2010)

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULO 9 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 15 e 18 Agosto/2010)

9 Conduziu-o depois a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo,



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 PINÁCULO DO TEMPLO era uma fortificação, ou torre, que ficava acima do Pátio dos Gentios, no Templo de Jerusalém. Era a torre mais alta, contudo, não deve ser confundida com o Forte Antônia. Nessa torre era possível observar todo o povo que transitava nos pátios, e da mesma forma, se alguém saltasse da torre, e flutuasse no ar, seria visto pelas massas aglomeradas, numa exibição incontestável de poder. Dessa forma seria, porquanto, um fenômeno impactante para os expectadores.

 Jesus não estivera submetido a nenhum tipo de tentação. Nada obstante, poder-se-ia usar a alegoria da segunda tentação no deserto para realizarmos uma analogia com o desafio a que missão do Cristo estaria submetida: não usar os Seus imensuráveis potenciais psíquicos para conquistar adeptos à Causa do Evangelho.

 Foram muitos os fenômenos produzidos pelo Cristo, conquanto, faz-se claro que todos eles ocorreram com um fim útil, em absoluto intuito de ação caritativa.

 Usar fenômenos, ou “milagres”, para atrair a simpatia para O Evangelho constitui grave equívoco.

 Vejamos a incomparável elucidação Kardeciana a esse respeito:
 
ALLAN KARDEC - A GÊNESE – Capítulo XIII - As Características dos Milagres

18. Pretender que o sobrenatural é o fundamento necessário de toda religião, que ele é o ponto principal da organização cristã, é sustentar uma tese perigosa.

Assentar as verdades do Cristianismo exclusivamente sobre a base do maravilhoso é dar-lhe um alicerce fraco, cujas pedras se soltam a cada dia. Essa tese, da qual eminentes teólogos se fi zeram defensores, leva à conclusão de que, em um dado tempo, não haverá mais religião possível, nem mesmo a cristã, se o que é considerado como sobrenatural foi demonstrado como natural, uma vez que, por mais que se acumulem os argumentos, não será possível manter a crença de que um fato é milagroso quando está provado que ele não é. Ora, a prova de que um fato não é uma exceção às leis naturais, se faz quando ele pode ser explicado por essas mesmas leis, e que, podendo se reproduzir por intermédio de um indivíduo qualquer, deixa de ser privilégio dos santos. Não é o sobrenatural que é necessário às religiões, mas o princípio espiritual, que costumam erradamente confundir com o maravilhoso, e sem o qual não há religião possível.

O Espiritismo considera a religião cristã de um ponto mais elevado; ele lhe dá uma base mais sólida que os milagres: as imutáveis leis de Deus, que regem tanto o princípio espiritual como o princípio material. Essa base desafia o tempo e a Ciência, uma vez que o tempo e a Ciência virão sancioná-la.

Deus não se torna menos digno da nossa admiração, do nosso reconhecimento e do nosso respeito, por não haver derrogado as suas leis, grandiosas sobretudo pela sua imutabilidade. Não há necessidade do sobrenatural para que se renda a Deus o culto que lhe é devido.

A Natureza já não é por si mesma bastante imponente?

O que é preciso nela acrescentar para provar o poder supremo?

Quanto mais a religião tiver todos os seus pontos sancionados pela razão, menos incrédulos ela encontrará. O Cristianismo não tem nada a perder com esta sanção, ao contrário, ele só tem a ganhar. Se alguma coisa pôde prejudicá-lo na opinião de certas pessoas, é precisamente o abuso do sobrenatural e do maravilhoso.

19. Se tomarmos a palavra milagre na sua acepção etimológica, no sentido de coisa admirável, teremos milagres acontecendo incessantemente sob as nossas vistas. Nós os aspiramos no ar e os calcamos sob nossos pés, porque na natureza, tudo é milagre.

Querem dar ao povo, aos ignorantes e aos pobres de espírito uma idéia do poder de Deus? É preciso mostrá-lo na sabedoria infinita que a tudo preside, no admirável organismo de tudo o que vive, na frutificação das plantas, na adequação de todas as partes de cada ser às suas necessidades, de acordo com o meio onde ele é chamado a viver. É preciso mostrar-lhes a ação de Deus no broto de uma erva, na flor que desabrocha, no Sol que tudo vivifica. É preciso mostrar-lhes sua bondade na sua solicitude por todas as criaturas, por mais ínfimas que sejam, a sua previdência na razão de ser de cada coisa, entre as quais nenhuma é inútil, no bem que sempre decorre de um mal aparente e momentâneo. É preciso fazê-los compreender, principalmente, que o mal real é obra do homem e não de Deus; não procurem apavorá-los com o quadro das penas eternas em que acabam não acreditando mais, e que os fazem duvidar da bondade de Deus; antes, dêem-lhes coragem pela certeza de poderem redimir-se um dia e reparar o mal que hajam praticado. Mostrem-lhes as descobertas da Ciência como revelação das leis divinas e não como a obra de Satanás. Ensinem-lhes, finalmente, a ler no livro da natureza, constantemente aberto diante deles; nesse livro inesgotável, onde a cada página, se acham inscritas a sabedoria e a bondade do Criador. Eles, então, compreenderão que um Ser tão grande, se ocupando de tudo, velando por tudo e tudo prevendo, tem de ser soberanamente poderoso. O lavrador o verá ao sulcar o seu campo, e o infortunado o louvará nas suas aflições, pois dirá a si mesmo: Se sou infeliz, é por minha culpa. Então, os homens serão verdadeiramente religiosos, sobretudo racionalmente religiosos, muito mais do que se esforçando para crer em pedras que suam sangue, ou em estátuas que piscam os olhos e derramam lágrimas.

Allan Kardec

 
 
 
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sábado, 7 de agosto de 2010

LUCAS (O Evangelho Segundo) – CAPÍTULO 4 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 08 e 11 Agosto/2010)

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULO 9 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 08 e 11 Agosto/2010)

9 Conduziu-o depois a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo,



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O TEMPLO DE JERUSALÉM - TEMPLO DE SIÃO - ÉPOCA DE JESUS


AULA SOBRE O TEMPLO DE SALOMÃO - EM ESPANHOL


 PINÁCULO DO TEMPLO
Uma das fortificações, ou torres, que ficava acima do pátio do Templo de Jerusalém. Faz-se necessário saber que o Pináculo não era o Forte Antônia, conforme se pode observar na figura acima. O Pináculo era a torre mais alta. Nessa torre era possível observar todo o povo que transitava nos pátios, e da mesma forma, se alguém saltasse da torre, e flutuasse no ar, seria visto pelas massas aglomeradas, numa exibição incontestável de poder. Seria um fenômeno impactante e espetacular.

 Nisso reside o alicerce para a compreensão da alegoria da terceira tentação. No próximo programa iniciaremos os estudos de seu simbolismo.


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LUCAS (O Evangelho Segundo) – CAPÍTULO 4 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 08 e 11 Agosto/2010)

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULO 9 – TERCEIRA TENTAÇÃO (Programa de 08 e 11 Agosto/2010)

9 Conduziu-o depois a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo,



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O TEMPLO DE JERUSALÉM - TEMPLO DE SIÃO - ÉPOCA DE JESUS


AULA SOBRE O TEMPLO DE SALOMÃO - EM ESPANHOL


 PINÁCULO DO TEMPLO
Uma das fortificações, ou torres, que ficava acima do pátio do Templo de Jerusalém. Faz-se necessário saber que o Pináculo não era o Forte Antônia, conforme se pode observar na figura acima. O Pináculo era a torre mais alta. Nessa torre era possível observar todo o povo que transitava nos pátios, e da mesma forma, se alguém saltasse da torre, e flutuasse no ar, seria visto pelas massas aglomeradas, numa exibição incontestável de poder. Seria um fenômeno impactante e espetacular.

 Nisso reside o alicerce para a compreensão da alegoria da terceira tentação. No próximo programa iniciaremos os estudos de seu simbolismo.


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AMOR À PROFISSÃO: APRENDENDO COM JESUS

ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA CULTURA ESPÍRITA - ICEB -  AGOSTO DE 2010


Presenciamos uma época incomum da história, em face dos avanços nas relações do homem com seu trabalho profissional, com leis que resguardam as necessidades fundamentais do trabalhador, seu direito ao repouso, à assistência nas adversidades da saúde, no entanto, ainda encontramos rupturas desses direitos e injustiças sociais, gerando tensões e conflitos na coletividade.Por outro lado, habitualmente, julgamo-nos demasiadamente superiores e qualificados ao trabalho que o mercado se nos oferece, gerando em nós insatisfações e desânimo. Então, como proceder quando não estivermos inseridos no labor que nos afeiçoamos?

Como sempre, em Jesus aprenderemos o mais elevado padrão de conduta1. Ninguém, como ele, apresentou ao mundo tão belo exemplo sobre como viver de forma prazerosa, usufruindo a alegria da existência, independente do cenário externo que se nos afigure. E, no tocante ao lavor, nos ofereceu a sublime lição de que mais importante que trabalharmos na área que amamos, é sempre amarmos a área em que estivermos trabalhando.

Malgrado fosse o Excelso Governador do planeta, além do mais, co-criador planetário muito antes de sua gênese, habituado ao contato com outros Espíritos Puros em assembleias realizadas no sistema solar2, até iniciar da Sua tarefa messiânica na Terra, exerceu Jesus o nobre e humilde ofício de carpinteiro, na cidade de Nazaré da Galiléia, tendo aprendido desde a infância a arte da carpintaria com seu pai, o também carpinteiro José 3, como era da tradição judaica desde eras mais remotas.

Revelou-nos Humberto de Campos4, que os Doutores do Templo de Jerusalém informaram a Maria, mãe de Jesus, terem ficado muito interessados no ingresso do menino Jesus nas escolas rabínicas, tendo em vista a forte impressão que neles deixara, após as inteligentíssimas respostas apresentadas a esses Doutores da Lei, por ocasião de seu Bar Miztvah, aos doze (para treze) anos de idade4. Essa profissão era a mais cobiçada pela sociedade hebraica, constituindo motivo de orgulho familiar e garantia de um futuro brilhante, não obstante, o jovem Jesus, sem ter sido informado por sua mãe sobre seus planos, com bonomia e resolução ponderou:

- “Mãe, toda preparação útil e generosa no mundo é preciosa; entretanto, eu já estou com Deus. Meu Pai, porém, deseja de nós toda a exemplificação que seja boa, e eu escolherei, desse modo, a escola melhor”.

Assim, apresenta-se, humílimo, ao seu pai José, como ajudante de carpintaria, trabalho rude e pesado, inundando aquela oficina com sua alegria transbordante de vida.

Permitindo-nos a liberdade de fazer um exercício de imaginação, poderemos, sem dificuldade, visualizar o obediente e doce Menino reproduzindo os cuidados de seu pai com a madeira, habilmente manipulando o prego, o martelo, o cinzel, e o enxó, bem como o júbilo no rosto de José ao observar as mãos suaves do Sublime Artífice produzirem belas peças, habilmente entalhadas no madeiro.

Oportuno, imaginamos a beleza das obras em lenho elaboradas pelo Jovem Carpinteiro de Nazaré, posto que viriam a ser reconhecidas não só na sua cidade, como também nas redondezas, haja visto que na Galiléia, ao apresentar-se na sinagoga como o Messias esperado pelo povo hebreu 5, maravilhando a todos ao ensinar sobre o Reino de Amor, fora prontamente identificado pelo seu ofício6.

O amor permeou todos os momentos da vida terrestre do Cristo, porquanto, também permeara sua dedicação à carpintaria e ao madeiro, amando seu pesadíssimo ofício. Somente um grande amor poderia explicar a manutenção de Seu entusiasmo contagiante num trabalho tão penoso, mormente estar habituado à culminância da luz: foram mais de trinta anos em fatigante azáfama.

Conquanto, entressonhamos, quantas vezes o lenho não teria ferido as mãos cariciosas do jovem Moveleiro Galileu? No entanto, quem ama perdoa. E Jesus, por ter elevado o perdão ao grau de excelência, também prosseguiu amando a arte na carpintaria até começar Sua obra de redenção da humanidade, tornando-se o Inolvidável Artífice da alma humana, passando a exercer outro ofício de elevada relevância: Rabi, Mestre, Professor, enfim, Educador de almas.

Seu afastamento do madeiro, entrementes, não perduraria por muito tempo. Em três anos prosseguira, como um hábil Mestre, trabalhando as palavras com grande arte – qual fizera ao madeiro – encantando e comovendo com a simplicidade de seus ensinos, criando parábolas, que ficaram gravadas na memória por mais de vinte séculos. Artista Genial, lapidou a pedra bruta do coração humano, elevando os sentimentos aos patamares diamantinos.

Ao findar Seu ministério de amor e caridade naquela existência planetária, nunca por acaso, volveria a ter contato com o martelo, os pregos e o lenho.

Ele, o Amigo Devotado e Incansável, fora levado a uma condenação de morte infamante e cruel - a crucificação, uma pena aplicada apenas aos soldados romanos desertores e aos mais vis criminosos - sofrendo as dores mais acerbas justamente através do madeiro, dos pregos e do martelo que tanto amara 7.

Seu estado de saúde achava-se tão crítico7 que caíra por três vezes durante esse trajeto, só conseguindo atingir o Monte da Caveira graças ao auxílio de Simão de Cirene 8 - não obstante - ao cair no solo, já em estado de anemia aguda e choque hipovolemico7 , sustentou o madeiro horizontal da cruz, não permitindo que também caísse: ensinou ao mundo inteiro que qualquer homem pode sofrer quedas, mas a tarefa anelada, a missão confiada, essa jamais poderá desmoronar-se. Seu corpo físico derreara ao solo, mas Seu elevado ideal permanecera imarcescível. Ademais, na condição de Carpinteiro Transcendental, não poderia permitir a queda do lenho ao solo. Quanto à forma pela qual Jesus tivera Seus punhos e tornozelos pregados ao madeiro, o qual tanto amara, dados arqueológicos de restos de corpos crucificados, achados próximos a Jerusalém e datados da época de Cristo, indicam que utilizavam-se pregos de ferro, afilados, que possuíam aproximadamente de 13 a 18 cm de comprimento, com a cabeça quadrada tendo aproximadamente 1 cm de largura 7.

Dessa forma, o Meigo Carpinteiro da Galiléia, ao ser pregado à cruz, transformara essa morte infamante numa epopéia celestial, exemplificando o amor, a fidelidade aos amigos e aos ideais, e o perdão - elevados ao mais alto grau em toda a história da civilização - conquanto, a despeito da oprobriosa condenação, Jesus abraçara e se integrara, em plenitude, as ferramentas - o martelo, os pregos e a madeira - da nobilíssima arte a qual tantas vezes se dedicara.

Por conseguinte, amar ao trabalho, por mais árduo e entediante que possa se nos apresentar, transformá-lo em motivação nobre, conquanto não seja àquele anelado em nossos mais altos sonhos, sobretudo, permeá-lo em arte: eis mais um dos inesquecíveis ensinos do Carpinteiro de Deus, em prodigiosa consonância com os desafios da vida moderna.

Não te preocupes em fazer o que amas, na maioria das vidas isso não será possível, porém ama o que você fazes, e serás feliz! Medita nisso! Crê nisso!

Referências bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 74 ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994, “Conhecimento da Lei Natural”, parte 3.ª, cap I, questão 625, p.308.

2. XAVIER, Francisco C. A Caminho da Luz, pelo espírito Emmanuel. 11 ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1982, cap I “A Gênese Planetária”, p. 17–23.

3. MATEUS, O Evangelho Segundo. O Novo Testamento, in: A Bíblia Sagrada, traduzida em português por João Ferreira de Almeida. 2ª edição. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Mateus, cap. 13, vers. 55, p. 14.

4. XAVIER, Francisco C. BOA NOVA, pelo Espírito Humberto de Campos. 20a Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1941, cap. 2, p. 21-23

5. LUCAS, O Evangelho Segundo. O Novo Testamento, in: A Bíblia Sagrada, traduzida em português por João Ferreira de Almeida. 2ª edição. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Lucas, cap. 4, vers. 21-22, p. 52.

6. MARCOS, O Evangelho Segundo. O Novo Testamento, in: A Bíblia Sagrada, traduzida em português por João Ferreira de Almeida. 2ª edição. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Marcos, cap. 6, vers. 3, p. 35.

7. EDWARDS, W. D; GABEL, W. J.; HOSMER, F. E. : On The Physical Death of Jesus Christ. In: JAMA, The Journal of The American Medical Association (Trabalho científico publicado pelo Departamento de Patologia da Mayo Clinics, Rochester, Minn, EUA). USA. 1986, mar 21, vol 255, n. 11, p 1455 – 1464.

8. XAVIER, Francisco C. A Vida Conta, pelo espírito Maria Dolores. 3 ª edição. Rio de Janeiro: CEU, 1984, cap11 “O Traço do Cirineu”, p. 41–43.

 
 
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AMOR À PROFISSÃO: APRENDENDO COM JESUS

ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA CULTURA ESPÍRITA - ICEB -  AGOSTO DE 2010


Presenciamos uma época incomum da história, em face dos avanços nas relações do homem com seu trabalho profissional, com leis que resguardam as necessidades fundamentais do trabalhador, seu direito ao repouso, à assistência nas adversidades da saúde, no entanto, ainda encontramos rupturas desses direitos e injustiças sociais, gerando tensões e conflitos na coletividade.Por outro lado, habitualmente, julgamo-nos demasiadamente superiores e qualificados ao trabalho que o mercado se nos oferece, gerando em nós insatisfações e desânimo. Então, como proceder quando não estivermos inseridos no labor que nos afeiçoamos?

Como sempre, em Jesus aprenderemos o mais elevado padrão de conduta1. Ninguém, como ele, apresentou ao mundo tão belo exemplo sobre como viver de forma prazerosa, usufruindo a alegria da existência, independente do cenário externo que se nos afigure. E, no tocante ao lavor, nos ofereceu a sublime lição de que mais importante que trabalharmos na área que amamos, é sempre amarmos a área em que estivermos trabalhando.

Malgrado fosse o Excelso Governador do planeta, além do mais, co-criador planetário muito antes de sua gênese, habituado ao contato com outros Espíritos Puros em assembleias realizadas no sistema solar2, até iniciar da Sua tarefa messiânica na Terra, exerceu Jesus o nobre e humilde ofício de carpinteiro, na cidade de Nazaré da Galiléia, tendo aprendido desde a infância a arte da carpintaria com seu pai, o também carpinteiro José 3, como era da tradição judaica desde eras mais remotas.

Revelou-nos Humberto de Campos4, que os Doutores do Templo de Jerusalém informaram a Maria, mãe de Jesus, terem ficado muito interessados no ingresso do menino Jesus nas escolas rabínicas, tendo em vista a forte impressão que neles deixara, após as inteligentíssimas respostas apresentadas a esses Doutores da Lei, por ocasião de seu Bar Miztvah, aos doze (para treze) anos de idade4. Essa profissão era a mais cobiçada pela sociedade hebraica, constituindo motivo de orgulho familiar e garantia de um futuro brilhante, não obstante, o jovem Jesus, sem ter sido informado por sua mãe sobre seus planos, com bonomia e resolução ponderou:

- “Mãe, toda preparação útil e generosa no mundo é preciosa; entretanto, eu já estou com Deus. Meu Pai, porém, deseja de nós toda a exemplificação que seja boa, e eu escolherei, desse modo, a escola melhor”.

Assim, apresenta-se, humílimo, ao seu pai José, como ajudante de carpintaria, trabalho rude e pesado, inundando aquela oficina com sua alegria transbordante de vida.

Permitindo-nos a liberdade de fazer um exercício de imaginação, poderemos, sem dificuldade, visualizar o obediente e doce Menino reproduzindo os cuidados de seu pai com a madeira, habilmente manipulando o prego, o martelo, o cinzel, e o enxó, bem como o júbilo no rosto de José ao observar as mãos suaves do Sublime Artífice produzirem belas peças, habilmente entalhadas no madeiro.

Oportuno, imaginamos a beleza das obras em lenho elaboradas pelo Jovem Carpinteiro de Nazaré, posto que viriam a ser reconhecidas não só na sua cidade, como também nas redondezas, haja visto que na Galiléia, ao apresentar-se na sinagoga como o Messias esperado pelo povo hebreu 5, maravilhando a todos ao ensinar sobre o Reino de Amor, fora prontamente identificado pelo seu ofício6.

O amor permeou todos os momentos da vida terrestre do Cristo, porquanto, também permeara sua dedicação à carpintaria e ao madeiro, amando seu pesadíssimo ofício. Somente um grande amor poderia explicar a manutenção de Seu entusiasmo contagiante num trabalho tão penoso, mormente estar habituado à culminância da luz: foram mais de trinta anos em fatigante azáfama.

Conquanto, entressonhamos, quantas vezes o lenho não teria ferido as mãos cariciosas do jovem Moveleiro Galileu? No entanto, quem ama perdoa. E Jesus, por ter elevado o perdão ao grau de excelência, também prosseguiu amando a arte na carpintaria até começar Sua obra de redenção da humanidade, tornando-se o Inolvidável Artífice da alma humana, passando a exercer outro ofício de elevada relevância: Rabi, Mestre, Professor, enfim, Educador de almas.

Seu afastamento do madeiro, entrementes, não perduraria por muito tempo. Em três anos prosseguira, como um hábil Mestre, trabalhando as palavras com grande arte – qual fizera ao madeiro – encantando e comovendo com a simplicidade de seus ensinos, criando parábolas, que ficaram gravadas na memória por mais de vinte séculos. Artista Genial, lapidou a pedra bruta do coração humano, elevando os sentimentos aos patamares diamantinos.

Ao findar Seu ministério de amor e caridade naquela existência planetária, nunca por acaso, volveria a ter contato com o martelo, os pregos e o lenho.

Ele, o Amigo Devotado e Incansável, fora levado a uma condenação de morte infamante e cruel - a crucificação, uma pena aplicada apenas aos soldados romanos desertores e aos mais vis criminosos - sofrendo as dores mais acerbas justamente através do madeiro, dos pregos e do martelo que tanto amara 7.

Seu estado de saúde achava-se tão crítico7 que caíra por três vezes durante esse trajeto, só conseguindo atingir o Monte da Caveira graças ao auxílio de Simão de Cirene 8 - não obstante - ao cair no solo, já em estado de anemia aguda e choque hipovolemico7 , sustentou o madeiro horizontal da cruz, não permitindo que também caísse: ensinou ao mundo inteiro que qualquer homem pode sofrer quedas, mas a tarefa anelada, a missão confiada, essa jamais poderá desmoronar-se. Seu corpo físico derreara ao solo, mas Seu elevado ideal permanecera imarcescível. Ademais, na condição de Carpinteiro Transcendental, não poderia permitir a queda do lenho ao solo. Quanto à forma pela qual Jesus tivera Seus punhos e tornozelos pregados ao madeiro, o qual tanto amara, dados arqueológicos de restos de corpos crucificados, achados próximos a Jerusalém e datados da época de Cristo, indicam que utilizavam-se pregos de ferro, afilados, que possuíam aproximadamente de 13 a 18 cm de comprimento, com a cabeça quadrada tendo aproximadamente 1 cm de largura 7.

Dessa forma, o Meigo Carpinteiro da Galiléia, ao ser pregado à cruz, transformara essa morte infamante numa epopéia celestial, exemplificando o amor, a fidelidade aos amigos e aos ideais, e o perdão - elevados ao mais alto grau em toda a história da civilização - conquanto, a despeito da oprobriosa condenação, Jesus abraçara e se integrara, em plenitude, as ferramentas - o martelo, os pregos e a madeira - da nobilíssima arte a qual tantas vezes se dedicara.

Por conseguinte, amar ao trabalho, por mais árduo e entediante que possa se nos apresentar, transformá-lo em motivação nobre, conquanto não seja àquele anelado em nossos mais altos sonhos, sobretudo, permeá-lo em arte: eis mais um dos inesquecíveis ensinos do Carpinteiro de Deus, em prodigiosa consonância com os desafios da vida moderna.

Não te preocupes em fazer o que amas, na maioria das vidas isso não será possível, porém ama o que você fazes, e serás feliz! Medita nisso! Crê nisso!

Referências bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 74 ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994, “Conhecimento da Lei Natural”, parte 3.ª, cap I, questão 625, p.308.

2. XAVIER, Francisco C. A Caminho da Luz, pelo espírito Emmanuel. 11 ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1982, cap I “A Gênese Planetária”, p. 17–23.

3. MATEUS, O Evangelho Segundo. O Novo Testamento, in: A Bíblia Sagrada, traduzida em português por João Ferreira de Almeida. 2ª edição. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Mateus, cap. 13, vers. 55, p. 14.

4. XAVIER, Francisco C. BOA NOVA, pelo Espírito Humberto de Campos. 20a Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1941, cap. 2, p. 21-23

5. LUCAS, O Evangelho Segundo. O Novo Testamento, in: A Bíblia Sagrada, traduzida em português por João Ferreira de Almeida. 2ª edição. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Lucas, cap. 4, vers. 21-22, p. 52.

6. MARCOS, O Evangelho Segundo. O Novo Testamento, in: A Bíblia Sagrada, traduzida em português por João Ferreira de Almeida. 2ª edição. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Marcos, cap. 6, vers. 3, p. 35.

7. EDWARDS, W. D; GABEL, W. J.; HOSMER, F. E. : On The Physical Death of Jesus Christ. In: JAMA, The Journal of The American Medical Association (Trabalho científico publicado pelo Departamento de Patologia da Mayo Clinics, Rochester, Minn, EUA). USA. 1986, mar 21, vol 255, n. 11, p 1455 – 1464.

8. XAVIER, Francisco C. A Vida Conta, pelo espírito Maria Dolores. 3 ª edição. Rio de Janeiro: CEU, 1984, cap11 “O Traço do Cirineu”, p. 41–43.

 
 
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