segunda-feira, 6 de junho de 2011

O "Lucas" das Epístolas Paulinas é o mesmo "Lucas evangelista"?

PROGRAMA DOS DIAS 05 e 08 DE JUNHO DE 2011



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ü  Para Gerd Theissen e Anette Merz – professores e pesquisadores  da Universidade de Heidelberg, na Alemanha -  o “Lucas” responsável pela autoria de “Atos dos apóstolos”  e o Evangelho não  seria o mesmo Lucas- médico citado nas Epístolas Paulinas, o qual fora companheiro de viagem e discípulos  de  Paulo de Tarso, classificado nas suas famosas cartas como seu grande amigo e médico .

Para esses notáveis estudiosos, tal hipótese baseia-se no fato de Paulo autodenominar-se apóstolo em várias cartas, conceito que é fundamental  para a compreensão das dissertações paulinas. Nada obstante, o livro neotestamentário  “Atos”  negaria esse título de apóstolo a Paulo de Tarso.
Outrossim, a figura de Paulo não teria sido apresentada em “Atos” com a dimensão e a importância devidas, além de faltarem elementos que demonstrassem haver uma forte ligação afetiva entre o autor de Atos e Paulo, como se vê, por exemplo, de maneira bastante clara na Epístola aos Colossenses, onde o apóstolo dos gentios escreve, no capítulo quarto, versículo 14: “Lucas, o médico amado”.
FONTE: O JESUS HISTÓRICO: UM MANUAL.  SP, SÃO PAULO: EDIÇÕES LOYOLA, 2004.  2ª ED, PÁG. 52
ü  A grande maioria dos pesquisadores e exegetas, ao contrario, acredita que o autor de O Evangelho Segundo Lucas e de Atos dos Apóstolos seria o mesmo Lucas referido nas Cartas de Paulo.
ü  De acordo com a revelação mediúnica de Emmanuel/Francisco Candido Xavier, o Evangelista Lucas, autor de O Evangelho Segundo Lucas e de Atos dos Apóstolos – ao contrário do que afirmam Theissen e Merz - é o mesmo “médico amado” citado por Paulo, que fora seu companheiro de viagem e arrimo nos seus dias de velhice e doença.
ü   Encontraremos a explicação para os questionamentos, justamente elaborados por Theissen e Merz, na seguinte passagem do livro Paulo e Estevão:
Poucos momentos antes do Navio levar o prisioneiro Paulo na sua última viagem, para o julgamento em Roma, Paulo dialoga com Lucas.
[...] “Centenas de pessoas acompanharam as manobras da largada, em santificado recolhimento regado de lágrimas e preces. Enquanto o navio se afastava lento, Paulo e os companheiros contemplavam Cesaréia, de olhos umedecidos. A multidão silenciosa, dos que ficavam em pranto, acenava e ondeava na praia que a distância, aos poucos, diluía. Jubiloso e reconhecido, Paulo de Tarso descansava o olhar no campo de suas lutas acerbas, meditando nos longos anos de viltas e reparações necessárias. Recordava a infância, os primeiros sonhos da juventude, as inquietações da mocidade, os serviços dignificantes do Cristo, sentindo que deixava a Palestina para sempre. Grandiosos pensamentos o empolgavam, quando Lucas se aproximou e, apontando a distância os amigos que continuavam genuflexos, exclamou brandamente:”
[...] “— Poucos fatos me comoveram tanto no mundo, como este! Registrarei nas minhas anotações como foste amado por quantos receberam das tuas mãos fraternais o benefício de Jesus!...”
"Paulo pareceu ponderar profundamente a advertência e acentuou:
— Não, Lucas. Não escrevas sobre virtudes que não tenho. Se me amas não deves expor meu nome a falsos julgamentos. Deves falar, isso sim, das perseguições por mim movidas aos seguidores do santo Evangelho; do favor que o Mestre me dispensou às portas de Damasco, para que os homens mais empedernidos não desesperem da salvação e aguardem a sua misericórdia no momento justo;” citarás os combates que temos travado desde o pri­meiro instante, em face das imposições do farisaísmo e das hipocrisias do nosso tempo; comentarás os obstáculos vencidos, as humilhações dolorosas, as dificuldades sem conta, para que os futuros discípulos não esperem a re­denção espiritual com o repouso falso do mundo, confiantes no favor incompreensível dos deuses e sim com trabalhos ásperos, com sacrifícios abençoados pelo aper­feiçoamento de si mesmos; falarás de nossos encontros com os homens poderosos e cultos; de nossos serviços junto dos desfavorecidos da sorte, para que os seguidores do Evangelho, no futuro, não se arreceiem das situações mais difíceis e escabrosas, conscientes de que os mensa­geiros do Mestre os assistirão, sempre que se tornem instrumentos legítimos da fraternidade e do amor, ao longo dos caminhos que se desdobram à evolução da Humanidade.
E depois de longa pausa, em que observou a atenção com que Lucas lhe acompanhou os inspirados raciocínios, prosseguiu em tom sereno e firme:
— Cala sempre, porém, as considerações, os favo­res que tenhamos recolhido na tarefa, porque esse galar­dão só pertence a Jesus”.[...]
Livro “Paulo e Estevão”, Emmanuel/Francisco Cândido Xavier, 39ª ed. p.494-495
ü Por conseguinte, a explicação para o paradoxo apotando pelos autores do livro "O Jesus Histórico: Um Manual" reside na solicitação do próprio apóstolo dos gentios, de apagar a sua própria figura, destacando suas imperfeições, a fim de que a figura do Cristo não sofresse qualquer tipo de concorrência, e fosse postada no lugar merecido, em destaque.

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