sábado, 13 de novembro de 2010

LUCAS (O EVANGELHO SEGUNDO), CAPÍTULO 4 : VERSÍCULO 13 – CONCLUSÃO DAS TENTAÇÕES NO DESERTO (Programa de 14 e 17 Novembro/2010)

O NOVO TESTAMENTO - TRADUÇÃO "BÍBLIA DE JERUSALÉM" - O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS

Lucas, 4:13 - Tendo acabado toda a tentação, o diabo o deixou até o tempo oportuno.


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 Humberto de Campos, na introdução do Livro BOA NOVA, assevera que : “(....) os planos espirituais têm também o seu folclore. Os feitos heróicos e abençoados, muitas vezes anônimos no mundo, praticados por seres desconhecidos, encerram aqui profundas lições, em que encontramos forças novas. Todas as expressões evangélicas têm, entre nós, a sua história viva. Nenhuma delas é símbolo superficial. Inumeráveis observações sobre o Mestre e seus continuadores palpitam nos corações estudiosos e sinceros.

Dos milhares de episódios desse folclore do céu, consegui reunir trinta e trazer ao conhecimento do amigo generoso que me concede a sua atenção. Concordo em que é pouco; mas isso deve valer como tentativa útil, pois estou certo de que não me faltou o auxilio indispensável. (....)”. Humberto de Campos: In: Boa Nova. Prefácio. Na Escola do Evangelho.

 Folclore: Conhecimento, saber, educação, instrução do Povo; Conjunto de costumes, lendas, provérbios, manifestações artísticas em geral, preservado, através da tradição oral, por um povo. In: Dicionário Houaiss.

 De Chico Xavier e Irmão X, Livro “CONTOS E APÓLOGOS”, capítulo 26: "A ÚLTIMA TENTAÇÃO"

"Dizem que Jesus ,na hora extrema, começou a procurar os discípulos, no seio da agitada multidão que lhe cercava o madeiro, em busca de algum olhar amigo em que pudesse reconfortar o espírito atribulado...

Contemplou, em silencio, a turba enfurecida. Fustigado pelas vibrações de ódio e crueldade, qual se devera morrer, sedento em chagas, sob um montão de espinhos, começou a lembrar os afeiçoados e seguidores da véspera...

Onde estariam seus laços amorosos da Galiléia?...

Recordou o primeiro contato com os pescadores e chorou.

A saudade amargurava-lhe o coração.

Por que motivo Simão Pedro fora tão frágil? que fizera ele, Jesus, para merecer a negação do companheiro a quem mais confiara?

Que razões teriam levado Judas a esquecê-lo? Como entregara , assim, ao preço de míseras moedas, o coração que o amava tanto?

Onde se refugiara Tiago, em cuja presença tanto se comprazia?

Sentiu profunda saudade de Felipe e Bartolomeu, e desejou escutá-los.

Rememorou suas conversações com Mateus e refletiu quão doce lhe seria poder abraçar o inteligente funcionário de Cafarnaum, de encontro ao peito...

De reminiscência a reminiscência, teve fome de ternura e da confiança das criancinhas da galiléias que lhe ouviam a palavra, deslumbradas e felizes, mas os meninos simples e humildes que o amavam perdiam-se, agora a distância...

Recordou Zebedeu e suspirou por acolhe-se-lhe à casa singela.

João, o amigo abnegado, achava-se ali mesmo, em terrível desapontamento, mas precisava socorro para sustentar Maria, a angustiada Mãe, ao pé da cruz.

O Mestre desejava alguém que o ajudasse, de perto, em cujo carinho conseguisse encontrar um apoio e uma esperança...

Foi quando viu levantar-se, dentre a multidão desvairada e cega, alguém que ele, de pronto, reconheceu. Era o mesmo Espírito perverso que o tentara no deserto, no pináculo do templo e no cimo do monte.

O Gênio da Sombra, de rosto enigmático, abeirou-se dele e murmurou:

- Amaldiçoa os teus amigos ingratos e dar-te-ei o reino do mundo! Proclama a fraqueza dos teus irmãos de ideal, a fim de que a justiça te reconheça a grandeza angélica e desceras, triunfante, da cruz!...

Dize que os teus amigos são covardes e duros, impassíveis e traidores e unir-te-e aos poderosos da Terra para que domines todas as consciências.

Tu sabes que, diante de Deus, eles não passam de míseros desertores...

Jesus escutou, com expressiva mudez, mas o pranto manou-lhe mais intensamente do olhar translúcido.

- Sim - pensava -, Pedro negara-o, mas não por maldade. A fragilidade do Apóstolo podia ser comparada à ternura de uma oliveira nascente que, com os dias, se transforma no tronco robusto e nobre, a desafiar a implacável visita dos ano.

Judas entregara-o, mas não por má-fé.

Iludira-se com a política farisaica e julgava poder substitui-lo com vantagens nos negócios do povo.

Encontrou, no imo d'alma, a necessária justificação para todos e parecia esforçar-se por dizer o que lhe subia do coração

Ansioso, o Espírito das trevas aguardava-lhe a pronúncia, mas o Cordeiro de Deus, fixando os olhos no céu inflamado de luz, rogou em tom inesquecível:

- Perdoa-lhes, Pai! Eles não sabem o que fazem!...

O Príncipe das Sombras retirou-se apressado.

Nesse instante, porém, em vez de deter-se na contemplação de Jerusalém dominada de impiedade e loucura, o Senhor notou que o firmamento rasgara-se, de alto a baixo, e viu que os anjos iam e vinham, tecendo de estrelas e flores o caminho que o conduzira ao Trono Celeste.

Uma paz indefinível e soberana estampara-se-lhe no semblante.

O Mestre vencera a última tentação e seguiria, agora, radiante e vitorioso, para a claridade sublime da ressurreição eterna." Irmão X/Francisco Candido Xavier.




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